Traduzido por Guilherme Osinski
Na memória dos fãs de futebol certamente será lembrado como uma lenda merecida na história do Arsenal, mas não podemos esquecer que Patrick Vieira teve uma passagem breve, mas muito bem sucedida no Manchester City.
Chegou ao clube no meio da temporada de 2010, de graça, vindo da Inter de Milão, aos 33 anos. Muitos acreditavam que nessa idade ele já não estaria mais no auge de sua carreira.
Durante o um ano e meio em que esteve nos Citizens, o meio-campista francês se firmou no onze titular.
Nos 46 jogos que disputou pelo Manchester City, Vieira marcou 6 gols e deu 3 assistências. Ele também teve um papel importante na FA Cup que os skyblues venceram em 2011.
Após a passagem por Manchester, Vieira decidiu que era hora de pendurar as chuteiras para iniciar a carreira de treinador. Ele começou como Executivo de Desenvolvimento do Futebol no próprio City.
Em plena Copa do Mundo de 2022, com a França como candidata a repetir o título de 2018, quisemos olhar para trás para lembrar o papel que Vieira teve no primeiro Mundial que conquistou com a França, em 1998.
MUita competição no meio-campo FRANCêS
Vieira chegou ao Mundial de seu país, a França, muito jovem. Ele tinha 22 anos, mas no Arsenal já havia se tornado um dos grandes nomes do time.
Junto com Petit e Parlour, foram os três pilares no meio-campo artilheiro de um Arsenal que naquela temporada, 97-98, foi impiedoso. Os comandados de Arsène Wenger conquistaram a premiada dobradinha Premier League – FA Cup. Anelka, Overmars, Bergkamp foram os nomes que mais se destacaram daquela grande equipe.
Vieira, que já estava no elenco de Aimé Jacquet há alguns anos, foi convocado para a Copa do Mundo.
Aquela França de 98 era, junto com o Brasil, uma das grandes favoritas à conquista do Mundial. A lista dos meio-campistas franceses era especialmente notória: Deschamps, Karembeu, Petit, Djorkaeff, Zidane...
Com essa competição acirrada, Vieira, apesar da temporada de destaque no Arsenal, teve dificuldade em encontrar uma vaga.
A França venceu os dois primeiros jogos, batendo a África do Sul por 3 a 0 e a Arábia Saudita por 4 a 0.
Isso permitiu aos donos da casa garantir uma vaga nas oitavas de final após o segundo jogo da fase de grupos. Então, no terceiro e último jogo antes das oitavas, Jacquet pôde se dar ao luxo de colocar em campo jogadores que não estavam tendo muitas chances.
Foi o caso de Vieira, que disputou os 90 minutos naquele dia. A França classificou-se, mas estava em jogo a primeira posição do grupo. O meio-campista jogou em alto nível no triunfo por 2 a 1 contra a Dinamarca.
Mudança na final, contra todos os prognósticos
Depois de uma primeira fase de grupos imaculada, a França teve um caminho difícil até a final.
Nas oitavas de final, venceram o Paraguai por 1 a 0 com um gol na prorrogação. Nas quartas de final, após empate em 0 a 0 ao final da prorrogação, venceu a Itália nos pênaltis. Nas semifinais, os franceses venceram a Croácia por 2 a 1, de virada, em um dos jogos mais marcantes daquela Copa do Mundo.
Nessas três partidas, Patrick Vieira não jogou um minuto sequer, então tudo indicava que ele ficaria no banco na final contra o Brasil de Ronaldo Fenômeno.
No entanto, as circunstâncias daquela final foram ideais para o meio-campista entrar em campo em uma partida tão importante.
Os Azuis abriram a contagem aos 28 minutos com uma grande cabeçada de Zidane após escanteio. Aos 46 minutos, Zidane, de novo de cabeça, de novo de escanteio, colocou a mão na taça com o placar de 2 a 0 antes do intervalo.
O intervalo era importante para o Brasil, que queria voltar à partida. Aos 23 minutos da etapa final, Marcel Desailly foi expulso por dois amarelos.
Com Rivaldo, Bebeto, Denílson, Ronaldo e companhia buscando diminuir o placar, o treinador francês decidiu tirar de campo um atacante como Djorkaeff para dar lugar a um meio-campista com mais marcação. Era a chance de Vieira aos 29 minutos do segundo tempo.
Nosso protagonista não falhou. Ele ajudou a manter o Brasil longe do gol e não apenas isso. Deu assistência para Petit marcar o tento derradeiro, que deu números finais ao 3 a 0 da França, campeã do mundo pela primeira vez.
A medalha de campeão mundial guardada em um banco
Aos 22 anos, Patrick Vieira havia tocado a glória com as mãos. Foi campeão mundial na Copa do Mundo realizada em seu país.
Anos depois, o meio-campista relembrou o que mais guardou na memória daquele Mundial: “Foi a festa na Champs-Élysées. Ver pessoas tão diversas comemorando o sucesso foi muito bom em uma época em que havia muitos problemas de racismo na França.”
Um Patrick Vieira que revelou que guarda a medalha de campeão do mundo num cofre de banco, para não correr o risco de perdê-la.